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O desmonte da ciência federal ameaça a saúde pública nos Estados Unidos

O desmonte da ciência federal ameaça a saúde pública nos Estados Unidos

As reorganizações em órgãos científicos intensificam a mobilização por políticas baseadas em evidências e inclusão social.

Num momento em que as fronteiras entre ciência, saúde e política se tornam cada vez mais difusas, as discussões no Bluesky revelam uma paisagem marcada por tensões e resistência coletiva. Da mobilização por políticas de saúde baseadas em evidências à valorização de saberes comunitários, o dia foi pautado por denúncias, celebrações do conhecimento e apelos por inclusão. As vozes que ecoaram indicam não só os riscos de retrocesso institucional, mas também a força de quem desafia as estruturas estabelecidas em nome da saúde pública e da justiça científica.

Desmantelamento institucional e resposta coletiva

A preocupação com o desmonte da ciência em órgãos federais dos Estados Unidos permeia os relatos, evidenciados pela reportagem de Kendall Powell, que detalha o impacto das políticas recentes sobre a EPA, NOAA, NASA, CDC, NIH e USGS. Os cortes e reorganizações, longe de serem meras mudanças administrativas, levantam dúvidas sobre a capacidade do país de enfrentar crises ambientais e de saúde, além de questionar a independência da pesquisa científica. A narrativa de desmonte ressoa na chamada à ação promovida por Eric Feigl-Ding e Bob Morris, que convocam profissionais da saúde e da ciência para a Marcha 911 em Washington, exigindo uma liderança comprometida com políticas baseadas em evidências e responsabilização pública.

"Alguém da mídia precisa perguntar à Casa Branca REPETIDAMENTE exatamente POR QUE estão fazendo isso e exatamente COMO isso faz os Estados Unidos 'grandes'. Pergunte isso todos os dias! Precisamos de explicações."- @ajm718.bsky.social (1 ponto)

Esse contexto de mobilização reflete não apenas o embate entre diferentes visões de gestão pública, mas também o papel fundamental da sociedade civil e das comunidades científicas na defesa do financiamento e da autonomia institucional. O engajamento é também observado no tributo à educação e ao legado de profissionais como o pai de V, retratado por Marcus Kelson, cuja dedicação ao ensino de ciências foi reconhecida por várias gerações, reiterando que o investimento em ciência é, antes de tudo, um investimento humano.

Saberes alternativos, inclusão e saúde coletiva

O reconhecimento da diversidade de saberes aparece com força na reflexão de Steven W. Thrasher, que destaca o papel de pessoas LGBTQ em iniciativas de saúde comunitária e prevenção ao HIV, muitas vezes sem formação universitária formal, mas munidas de habilidades críticas e pragmatismo. Essa valorização do conhecimento fora dos padrões tradicionais contrasta com políticas e leis que buscam restringir abordagens educativas, como alerta Mike Stabile sobre legislações que ameaçam escolas por conteúdos considerados "conduta sexual", incluindo atos de homossexualidade.

"Como ex-professor universitário, agora acredito que a faculdade não é tão importante quanto eu pensava. O que importa é o pensamento crítico, e as universidades tentam suprimir isso."- @thrasherxy.bsky.social (72 pontos)

O impacto real dessas políticas sobre a saúde das populações marginalizadas é discutido em Assigned Media, que apresenta evidências científicas ligando transofobia, misgendering e deadnaming ao agravamento de quadros de saúde entre mulheres trans negras, apontando a urgência de afirmação de gênero como medida sanitária. Esse olhar crítico sobre exclusão e discriminação se entrelaça com celebrações do prazer e do bem-estar, como na cobertura do Magic Wand Masturbation Conference, que une ciência, saúde sexual e humor em prol de uma abordagem positiva e inclusiva do autocuidado.

"Cada mês o Journal Club aprofunda um artigo científico cujas descobertas têm importância para a saúde e a vida de pessoas trans. É algo que só encontrará na Assigned Media, e uma ótima coluna para compartilhar e recomendar aos amigos."- @assignedmedia.org (31 pontos)

Natureza, paleontologia e ciência em transformação

A valorização da ciência de campo e da pesquisa básica permanece evidente nos relatos sobre biodiversidade e paleontologia. O axolote, símbolo de regeneração e resistência, ganha destaque em Science Friday, que alerta para o risco de extinção de seu habitat natural, sublinhando a urgência de conservação em meio a avanços biotecnológicos. A descoberta de McGraths Flat na Austrália, revelada por Taylor Mitchell Brown, expande horizontes ao conectar estudos sobre fossilização com a história tropical do continente, sugerindo que a ciência, quando apoiada e protegida, tem o poder de desvendar mundos inteiros.

Essas discussões, entrelaçadas com homenagens àqueles que dedicaram a vida ao ensino, como o educador lembrado por Marcus Kelson, demonstram que a ciência não se limita às instituições: ela pulsa nos coletivos, nos eventos culturais e na memória afetiva das comunidades. No Bluesky, a ciência é, ao mesmo tempo, resistência, celebração e esperança.

O jornalismo crítico desafia todas as narrativas. - Letícia Monteiro do Vale

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